quarta-feira, 5 de março de 2025

# O peso do esquecimento#


O Peso do Esquecimento

   Lina sempre esteve lá. Suas mãos preparavam o pão antes do sol nascer, seu ouvido acolhia desabafos sem hora marcada, seus passos preenchiam ausências sem fazer barulho.

   Era fácil esquecer de Lina — como se o cuidado dela fosse parte da paisagem. Não havia festa em seu nome, nem aplausos para sua constância. Afinal, tudo que ela fazia parecia vir de graça.

   Mas o que vem de graça, quando ignorado, um dia se esgota. E foi assim que Lina sumiu, não com alarde, mas no silêncio de quem cansou de ser invisível.

   Quando partiram em busca dela, encontraram apenas o vazio do que ela foi. E então, tarde demais, entenderam: valorizar alguém só depois da ausência é a forma mais cruel de arrependimento.

   Lina não voltou. E o vilarejo aprendeu que o amor silencioso é o mais raro — e o mais fácil de perder.

#Buscar a Deus#

 


sábado, 1 de março de 2025

# Reciprocidade#

 Entre Gestos e Silêncios

   Helena sempre acreditou que amor era troca — uma dança entre dar e receber. Oferecia cuidados, presença e escuta, esperando, talvez sem perceber, que o mesmo voltasse. Mas nem todos sabem dançar em par.

  Com o tempo, ela aprendeu que reciprocidade não é exigir devoluções, mas reconhecer quem caminha ao seu lado sem que você precise puxar pela mão. Quem cultiva junto, quem pergunta sem ser lembrado, quem escuta porque quer entender.

  E assim, Helena deixou de regar desertos e aprendeu que, às vezes, o maior ato de amor é cuidar de si mesma.

  Foi nesse cuidado próprio que encontrou os verdadeiros encontros — aqueles onde o afeto floresce sem esforço, apenas por existir.




Bom final de semana!