O Peso do Esquecimento
Lina sempre esteve lá. Suas mãos preparavam o pão antes do sol nascer, seu ouvido acolhia desabafos sem hora marcada, seus passos preenchiam ausências sem fazer barulho.
Era fácil esquecer de Lina — como se o cuidado dela fosse parte da paisagem. Não havia festa em seu nome, nem aplausos para sua constância. Afinal, tudo que ela fazia parecia vir de graça.
Mas o que vem de graça, quando ignorado, um dia se esgota. E foi assim que Lina sumiu, não com alarde, mas no silêncio de quem cansou de ser invisível.
Quando partiram em busca dela, encontraram apenas o vazio do que ela foi. E então, tarde demais, entenderam: valorizar alguém só depois da ausência é a forma mais cruel de arrependimento.
Lina não voltou. E o vilarejo aprendeu que o amor silencioso é o mais raro — e o mais fácil de perder.





