quarta-feira, 5 de março de 2025

# O peso do esquecimento#


O Peso do Esquecimento

   Lina sempre esteve lá. Suas mãos preparavam o pão antes do sol nascer, seu ouvido acolhia desabafos sem hora marcada, seus passos preenchiam ausências sem fazer barulho.

   Era fácil esquecer de Lina — como se o cuidado dela fosse parte da paisagem. Não havia festa em seu nome, nem aplausos para sua constância. Afinal, tudo que ela fazia parecia vir de graça.

   Mas o que vem de graça, quando ignorado, um dia se esgota. E foi assim que Lina sumiu, não com alarde, mas no silêncio de quem cansou de ser invisível.

   Quando partiram em busca dela, encontraram apenas o vazio do que ela foi. E então, tarde demais, entenderam: valorizar alguém só depois da ausência é a forma mais cruel de arrependimento.

   Lina não voltou. E o vilarejo aprendeu que o amor silencioso é o mais raro — e o mais fácil de perder.

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